A exposição é uma autobiografia, na qual Bárbara Morais, diante da aceleração incessante do quotidiano, procura resgatar o tempo dentro do próprio Tempo. A fotografia analógica nas suas vertentes alternativas, torna-se uma via de escape à banalidade, permitindo o reencontro com a magia do passado, através de imagens pensadas, únicas e irrepetíveis. No silêncio do quarto escuro e na paciência das técnicas, encontra o espaço necessário para o autoconhecimento e a expressão pessoal.

Ao dedicar-se a técnicas fotográficas alternativas, a autora redescobre-se na interação entre a química dos átomos e a física da luz. Num mundo delimitado por normas, deveres e restrições, procura uma fuga através da exploração de cada experiência, revendo-se nas falhas das suas obras, que, embora imperfeitas do ponto de vista técnico, refletem o seu processo criativo. Bárbara Morais combina a fotografia com o seu prazer pela culinária e pela vida no campo. Os aromas da natureza, que se desprendem dos seus reveladores, tornam-se parte integral do seu processo. Os seus suportes fotográficos são encontrados nas folhas do campo, e com o sol como fiel companheiro, imprime, sem pressa, retratos das gentes das aldeias de Trás-os-Montes, capturando a essência dessas vidas em momentos atemporais.