Documento Mês – Equipamento Fotográfico

Charles-Émile Reynaud, Paris, França
Coleção de Câmaras e Equipamento Fotográfico, PT/CPF/CCEF/00261
O poema Camões de João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799-1854) é uma obra emblemática do Romantismo português e reflete o espírito patriótico e nostálgico que caracteriza o movimento. Publicado pela primeira vez em 1825, o poema homenageia a figura de Luís de Camões, o grande épico da literatura portuguesa, elevando-o a símbolo da luta e resistência nacional em tempos de adversidade, sendo simultaneamente um reflexo do próprio Almeida Garrett, da sua angústia e do amor e saudade da nação que deixara para trás no seu exílio.
Passados 52 anos, foi também com um espírito criativo e sonhador que o francês Charles-Émile Reynaud (1844-1918), patenteou o Praxinoscope Théâtre, uma nova forma de arte visual que proporcionava ao espectador uma sensação de realismo, abrindo portas para um mundo dinâmico de imagens em movimento.
Tão distantes temporalmente, Garrett e Reynaud conseguem ainda assim partilhar uma ligação simbólica e histórica. Enquanto Garrett olhava para o passado, exaltando o herói épico que personificava a alma de Portugal, Reynaud projetava o futuro, encantando o público através da essência do movimento. Essa interseção entre poesia e a tecnologia, entre passado e futuro, marca o que ambos os criadores trouxeram de mais revolucionário: a capacidade de tocar o espectador, transportando-o para um universo de emoções, imagens e histórias que transcendem o tempo.
The poem Camões by João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799–1854) is an emblematic work of Portuguese Romanticism and reflecting the patriotic and nostalgic spirit that characterizes the movement. First published in 1825, the poem pays tribute to Luís de Camões, the great epic poet of Portuguese literature, elevating him as a symbol of national struggle and resilience in times of adversity. At the same time, it serves as a reflection of Almeida Garrett himself, expressing his anguish, love, and longing for the nation he had left behind during his exile.
Fifty-two years later, with a similarly creative and visionary spirit, the Frenchman Charles-Émile Reynaud (1844–1918) patented the Praxinoscope Théâtre, a new form of visual art that offered viewers a sense of realism, opening doors to a dynamic world of moving images.
Despite being separated by time, Garrett and Reynaud share a symbolic and historical connection. While Garrett looked to the past, exalting the epic hero who embodied the soul of Portugal, Reynaud projected toward the future, captivating audiences through the essence of movement. This intersection of poetry and technology, between past and future, highlights the most revolutionary aspect of their contributions: the ability to touch the audience, transporting them to a universe of emotions, images, and stories that transcend time.
Praxinoscope Théâtre, ca. 1877
Charles-Émile Reynaud, Paris, France
Camera and Photographic Equipment Collection, PT/CPF/CCEF/00261