Documento Mês – Fundos e Coleções
Esta imagem faz parte da exposição “Peregrinos do quotidiano” realizada no Centro Português de Fotografia, em 2008. O autor, Virgílio Ferreira, percorreu as cidades asiáticas de Pequim, Xangai, Hong-Kong, Macau, Tóquio e Bangkok, revelando-as através da diluição dos rostos pela desfocagem deliberada, da saturação da cor e dos efeitos do movimento.
Tudo nos surge numa perspetiva fotográfica muito atual, a exuberância de cor em imagens diretas, sem trabalho digital, debitando as alegorias contemporâneas do olhar fotográfico.
Trata-se de um trabalho de autor que tem o mérito de deixar uma forte impressão sobre essas duas realidades coincidentes: a globalização patente no vasto continente asiático e a emergência multicultural de características orientais que não deixam perder o espírito da festa e da fundação: a ornamentação, um certo excesso da cor, a profusão do dourado, um ou outro traço cultural.
E, naturalmente, a solidão que matiza as metrópoles da contemporaneidade, mais nítida ainda porque temos de a identificar num rosto na penumbra, no alheamento dos gestos, sem velhas estratégias de abandono e melancolia.
(texto adaptado do original da autoria de Maria do Carmo Serén)
This image is part of the exhibition “Pilgrims of Everyday Life” held at the Portuguese Center of Photography in 2008. The author, Virgílio Ferreira, traveled through the Asian cities of Beijing, Shanghai, Hong Kong, Macau, Tokyo, and Bangkok, revealing them through the dissolution of faces by deliberate blur, color saturation, and effects of movement.
Everything appears to us in a very current photographic perspective, with an exuberance of color in direct images, without digital manipulation, conveying the contemporary allegories of the photographic gaze.
It is a work by an author that merits leaving a strong impression on these two coinciding realities: the globalization evident in the vast Asian continent and the multicultural emergence of oriental characteristics that do not lose the spirit of celebration and foundation: ornamentation, a certain excess of color, the profusion of gold, a cultural trait here and there.
And, naturally, the loneliness that nuances the metropolises of contemporaneity, more pronounced still because we have to identify it in a face in the shadows, in the detachment of gestures, without old strategies of abandonment and melancholy.
(adapted from the original text by Maria do Carmo Serén)